Os outros sete postulantes ao acesso à segundona que me perdoem, assim como os seus torcedores, mas a grande história da Série C é a do Fortaleza. Continua sendo, aliás. A sina dos tricolores impressiona. A lista de traumas na competição se renova ano após ano, não importa o que faça na fase anterior ou o suor que derrame nas quartas de final. São quatro quedas no mata-mata derradeiro, além de outras não menos frustrantes na fase de grupos. Nesta edição, talvez o grande alívio para a torcida tricolor foi não ver seu time como líder no Grupo A, o que trazia à memória as hecatombes vividas majoritariamente no Castelão. E com o novo alinhamento dos planetas, a princípio, a sorte sorriu ao Fortaleza. Foi o único dos mandantes que venceu o jogo de ida das quartas de final da Série C, derrotando o Tupi por 2 a 0. Mas só os torcedores sabem o quanto ainda esfriar a confiança para o perseguido acesso. Como dizem pelas ruas, o seguro morreu de velho.
Sem que o jogo tivesse o mesmo peso de decisão da volta, como nos anos anteriores, a massa tricolor encheu o Castelão sem tanto receio. Tudo bem que os quase 40 mil pagantes ficaram aquém daquilo que o Fortaleza já viu e que pode fazer. Ainda assim, a multidão foi importante para empurrar o Leão do Pici à vitória. Mas não sem sustos. Por mais que o Fortaleza tivesse a iniciativa, o Galo Carijó criou a melhor chance do primeiro tempo, com o goleiro Marcelo Boeck operando um milagre.
Os céus se abriram apenas na segunda etapa, quando Leandro Lima abriu o placar aos dois minutos. Martelando os visitantes, os cearenses deixaram o placar mais folgado aos 24, com Bruno Melo. Foi um segundo tempo massacrante, que também revigora a esperança do Tricolor. Porém, apesar da vantagem para o reencontro em Juiz de Fora, algo inédito em todo esse histórico de mata-matas, não é bom se acomodar. O retrospecto diz isso.
Já nas demais partidas, os times de melhor campanha ficaram a um empate da Série B. Líder do Grupo A, o Sampaio Corrêa foi um visitante indigesto ao Volta Redonda, no Raulino de Oliveira. E o gol que abriu o caminho da Bolívia Querida aconteceu já nos acréscimos do segundo tempo. Zaquel completou o cruzamento de Welington Rato e decretou a vitória por 1 a 0. Depois do doloroso rebaixamento na temporada passada, os maranhenses esperam 40 mil nas arquibancadas do Castelão. Promessa de festa completa.
Outro nordestino a se dar bem, o CSA derrotou o Tombense nesta segunda, em partida realizada no interior de Minas Gerais. Bela vantagem dos alagoanos, que retornam a Maceió com o triunfo por 2 a 0 na bagagem. Donos da segunda melhor campanha no Grupo A, os alvicelestes ficaram em vantagem numérica desde os 35 minutos do primeiro tempo, quando Natan foi expulso. Pouco antes do intervalo, Michel Douglas abriu o placar para os visitantes. E com toda a calma diante do cenário, o CSA fechou a conta nos acréscimos da segunda etapa, com um belo chute de Boquita. O Trapichão vai ferver na busca pelo segundo acesso consecutivo.
Por fim, o São Bento também se aproximou de subir o segundo degrau na pirâmide nacional em apenas dois anos. Os paulistas fizeram uma campanha excelente na fase classificatória, especialmente pela segurança defensiva, e são os únicos que honraram o Grupo B neste início dos mata-matas. Em pleno lotado Batistão, onde a torcida azulina costuma botar pressão, o Bentão derrotou o Confiança por 2 a 0. Em apenas 17 minutos, a partida já estava nas mãos dos visitantes. Anderson Cavalo abriu a contagem, enquanto Everaldo ampliou logo na sequência. Agora, Sorocaba promete uma noite histórica no Estádio Walter Ribeiro, que deve encher suas arquibancadas no duelo decisivo.
Os jogos de volta acontecem já neste final de semana. São Luis e Juiz de Fora recebem suas partidas no sábado, Sorocaba emenda a sequência no domingo e a segunda guarda o último acesso, em Maceió. E o mais legal da Série C, assim como já aconteceu na Série D, é ver clubes representativos escrevendo uma das páginas mais gloriosas (ou aliviantes) de sua história. Todos esperam que esse dia chegue – e ninguém esperou mais que o Fortaleza.
Portalfato: Luisinho Ribeiro