28 / 07 / 2018 - 18h47
Apicultura de Campo Maior chega a marca de 60 toneladas de mel por ano

Por  Pedro Borges

Campo Maior - Piauí

Uma das principais cadeias produtivas do Piauí é a do mel. A região de Picos consegue a 2ª  maior marca  exportadora do Brasil.  Uma das empresas que compõem esse cenário em pleno sertão do Nordeste também compra parte do mel produzido na região de Campo Maior.  Quem confirma essas informações é o Presidente da APICAM  (Associação dos Apicultores de Campo Maior), Edilson dos Santos Silva, Edilson da Vargem, como é mais conhecido.  Ele afirma que o grande problema no passado era a falta de cursos que facilitassem a produção e segundo ele isso foi resolvido através dos parceiros como  Codevasf, Senar e Sebrae.  “Hoje estamos tentando  melhorar ainda mais a estrutura da APICAM com equipamentos,  transporte e a aquisição de 586 novas  colmeias. Nós estamos conseguindo e demos um salto agora grande através do recurso disponibilizado pela Fundação Banco do Brasil que possibilitou a compra de um caminhão e centenas de colmeias”, afirma  o Presidente.

Hoje na região dos carnaubais trabalham diretamente na produção do mel  160 Apicultores gerando renda e fortalecendo a economia local. Todos eles investem no negócio e pagam em torno de 10% do faturamento para os proprietários das fazendas, nas quais, são instalados os apiários.

Elton Araújo é um desses empreendedores que acreditam nesse negócio e por isso, sempre busca qualificação para aumentar a produção e obter um mel de qualidade. Ele se dedica a apicultura a 16 anos e hoje repassa as informações e mostra o manejo com as abelhas ao filho Pedro Araújo. “Criei minha própria marca e comercializo o produto em mercadinhos e padarias da nossa região mostrando que o mel de Campo Maior é um dos melhores do Brasil”, afirma Elton.

O mel não é o único produto dessa cadeia e os produtores apresentam o pólen, uma espécie de alimento das próprias abelhas durante o período de estiagem e que faz parte do alimento humano, tem ainda o própolis e a própria toxina, que é expelida pelo ferrão da abelha, comercializada junto aos laboratórios farmacêuticos.  

 

AS MULHERES DE CAMPO MAIOR COMEÇAM A DESCOBRIR QUE O MEL PODE SER RENTÁVEL

As guardiãs das abelhas começam a despontar num meio considerado só para homens. Muitas estão buscando informações em cursos, seminários, palestras até mesmo em outros Estados. Hoje fazem parte desse grande grupo as Apicultoras: Samara Oliveira, Simone, Ana Kelly, Dona Elieuza e Dona Benta, uma das mais experientes.

Samara Oliveira é uma das mais empolgadas com esse novo ofício que escolheu para sua vida profissional.  Ela é Secretária de uma das Advogadas mais conhecida de Campo Maior, porém costuma se distanciar dos processos que precisa organizar e parte direto para os apiários instalados em uma das fazendas do Povoado Bom Lugar, Campo Maior. Ela recebe instruções de professores durante os cursos e a nível local ela costuma pedir informações aos mais experientes. Mas também se arrisca a dá algumas dicas importantes, as quais,  absorvidas em cursos que participou em Picos e em outros Estados. “É de fundamental importância as mulheres participarem desse tipo de atividades e apreendemos bem cedo que a preservação é o ponto de partida e a partir daí colher os frutos que elas puderem nos proporcionar. Nós estamos sendo incentivadas por outras mulheres de outros Estados e estamos obtendo forças para atrair mais mulheres aqui da nossa região para a Apicultura”, afirma Samara.

Ela explica que a barreira mais difícil de ser quebrada ainda é o machismo encontrado nessa cadeia produtiva onde essa atividade seria uma reserva apenas para os homens e segundo ela isso é coisa do passado. “Nós estamos provando que pudemos superar esses limites impostos nas décadas passadas e acho que temos como contribuir e muito com esse negócio lucrativo”, afirma Samara.

Samara explica também que existe uma ramificação muito forte dentro da Apicultura atual com a implementação da Meliponicultura, ou seja, a criação de abelha sem ferrão e que não precisa ser criadas, apenas nas fazendas longe de casa.  “Essas abelhas não ameaçam as pessoas. Elas não tem aquela agressividades das que todos conhecem e podem ser, sim aliadas dessa nova realidade.”, afirma Samara

As mulheres também estão de olho em outro tipo de mercado,  mais rentável do que vender o mel e os produtos derivados a preço mínimo e direcionar parte da produção para a indústria de cosméticos para a fabricação de shampoos e cremes.

 

ECONOMIA FRACA DERRUBA O PREÇO DO MEL EM TODO O BRASIL

 

Não poderia ser diferente. Com uma economia caindo pelas tabelas os Apicultores reclamam que o mercado derrubou a cotação do mel em todos os Estados. O Presidente da APICAM Edilson da Vargem explica que o mel de Campo Maior é vendido para o comprador que colocar o maior preço. Mas nesse momento segundo ele o mel está sendo repassado para uma grande empresa de Picos à R$ 6,80 o quilo. “ Lembro que em 2017 chegamos a vender a R$ 12,20 o quilo, portanto é um momento de grande produção porém o preço não anima ninguém. Mas não podermos desanimar e muitos pais desses aqui que deixam o seu mel aqui no entreposto criaram os seus filhos foi com o dinheiro do mel. Portando vamos esperar por um Brasil melhor para a gente faturar mais”, afirma Edilson.

 

MEL DE CAMPO MAIOR FAZ PARTE DE GRANDE REPORTAGEM DO JORNAL MEIOR NORTE

 

A reportagem assinada pelo Repórter Lucrécio Arrais foi veiculada nesse sábado, 28 de julho, em duas páginas coloridas com o tema “PIAUÍ É O 2º EM PRODUÇÃO DE MEL”’. O Jornalista Pedro Borges foi convidado para fazer a parte de Campo Maior. A missão foi cumprida nessa quinta-feira com o auxílio dos Apicultores Elton Araújo, Pedro Araújo e Samara Oliveira. Os dados foram disponibilizados pelo Presidente da Apicam Edilson da Vargem.  



16 de Abril de 2024 05h:37
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