09 / 03 / 2019 - 08h42
Venezuela entra na segunda noite de apagão energético

O maior apagão da história recente da Venezuela levou caos, angústia e incerteza aos moradores de Caracas e de praticamente todos os estados venezuelanos, que ficaram mais de 24 horas sem luz e sem informações concretas sobre o que acontecia no país.

Com a queda da eletricidade na tarde de quinta (7), as ruas de Caracas foram tomadas por milhares de pessoas que tentavam voltar para casa a pé. Houve interrupção total do sistema de transporte sobre trilhos da capital. Os ônibus desapareceram das ruas, e taxistas e mototaxistas subiram as tarifas para até um salário mínimo para corridas rápidas.

O sistema de comunicação, incluindo redes móveis de telefonia e internet, entrou em colapso na quinta e continuaram assim até a tarde de sexta (8).
Parte dos hospitais não conseguiu acionar geradores, e relatos de partos e até de cirurgias feitas sob a luz de celulares e velas se espalharam pelas redes sociais.
Sem informações sobre quando a energia poderia retornar, muitos venezuelanos começaram a cozinhar alimentos que tinham estocado.

O serviço de eletricidade começou a ser restabelecido aos poucos em Caracas e outras regiões da Venezuela por volta do meio-dia de sexta. Mas, em alguns pontos da capital e em outras regiões do país, a retomada do fornecimento foi interrompida e o apagão voltou a essas zonas, constatou a agência de notícias AFP.

O ditador Nicolás Maduro atribuiu o apagão a uma sabotagem na usina hidrelétrica de El Guri, que teria sofrido um ataque cibernético organizado pelos Estados Unidos para desestabilizar o país.

Instalada próximo à fronteira com o Brasil, a usina tem capacidade instalada de cerca de 10 mil gigawatts e abastece praticamente todo o país, além de fornecer energia elétrica ao estado brasileiro de Roraima, que teve de acionar termelétricas locais para garantir o abastecimento.
O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, acusou o governo de não realizar manutenção no sistema elétrico.

Durante a madrugada, o país já se dava conta de que vivia uma situação inédita. Cortes de luz são comuns em várias partes da Venezuela. Mas um apagão dessa magnitude jamais havia ocorrido -foi mais um marco na profunda crise que a Venezuela enfrenta.

As aulas e os serviços públicos foram suspensos. Sem transporte e sem informação, muitos tentaram chegar ao trabalho – não sabiam que o governo havia declarado uma espécie de feriado informal por conta do colapso do sistema elétrico.

Supermercados, centros comerciais e praticamente todo o comércio fecharam as portas.Em uma padaria no bairro de Sebucan, caraquenhos faziam fila para comprar água mineral. O dono tabelou a garrafa de água de 1,5 litro em US$ 1.
"Só consegue comprar quem tem dinheiro, por sorte eu tinha uma nota de US$ 10 e acho que vou conseguir levar dez garrafas", disse a professora Alícia Martinez, 42.

Fonte: Folhapress

 

 



16 de Abril de 2024 04h:13
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