O Piauí registrou 453 casos de estupro de vulnerável e 128 casos de estupro, totalizando 581 casos apenas em 2024, conforme dados do Núcleo de Estatística da Secretaria de Segurança Pública do Piauí. Em 2022, o estado teve 1.191 casos, enquanto em 2023 foram 1.265.
Segundo o delegado Hugo Alcântara, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, tem ocorrido um aumento nas denúncias, principalmente porque as vítimas se sentem mais confiantes para denunciar.
"Com mais acesso à informação hoje em dia, com a internet e vários meios de comunicação, é possível realizar denúncias, o que pode ser um dos fatores. O aumento da quantidade de vítimas que estão sofrendo abusos, assim como o aumento das notificações, é significativo. Como é um crime que às vezes é difícil de descobrir e desvendar, gera muita vergonha na vítima, e isso também precisa ser considerado. Havia uma possível subnotificação no passado, mas, felizmente, essa barreira de vergonha e constrangimento tem diminuído um pouco. Mais crimes estão sendo noticiados à polícia", destacou.
Desafios na Investigação
O delegado explicou que há várias dificuldades nos inquéritos para a comprovação do estupro, especialmente porque crianças têm mais dificuldade de se expressar.
“A gente tem também a delicadeza da idade, muitas vezes, uma criança, um adolescente, ainda não consegue se expressar tão bem com as palavras. Então o nível de conhecimento, de vocabulário da vítima ainda está em construção. Isso causa muita dificuldade da gente saber exatamente como foi que o crime aconteceu. Então a imaturidade da vítima e toda essa situação da coleta do seu depoimento prejudica porque geralmente o estupro de vulnerável é praticado por agressores do convívio familiar. Então, normalmente a vítima e o agressor coabitam, estão no mesmo ambiente. Também tem situações em que a família acaba interferindo, porque você tem a situação de uma vítima que sofreu um abuso e do agressor que também é um familiar”, explicou.
Fonte: cidadeverde.com