Seis escolas de samba de Teresina levaram luzes e cores para a avenida Marechal Castelo Branco nesta terça-feira (18), última noite de Carnaval. O desfile, que trouxe para a passarela diversos temas, teve como destaques a participação das escolas Sambão e Skindô, que apresentaram inovações, como uso de um painel de led pela primeira vez no desfile de Teresina.
Tecnologia já presente nos maiores desfiles de escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, os painéis de led têm invadido os carnavais pelo Brasil e em Teresina começaram a dar as caras no Corso, em caminhões que os utilizam como decoração. Agora na passarela do samba, eles foram utilizados para ilustrar o samba-enredo da escola Skindô, que falou da fotografia "do lambe-lambe à máquina digital".
A escola levou para a avenida, desde a comissão de frente às alegorias, todos os elementos mais importantes que se relacionam com a fotografia. Logo na comissão de frente, o balé interagia com um clássico fotógrafo de lambe-lambe, que registrava desde um aniversário a um ensaio sensual, tudo rapidamente coreografado pelos bailarinos. Dentro do painel de led, um espaço para os dançarinos permitia uma troca de roupa, que transformava o preto e branco do início da fotografia em um arco-íris que estampava a saia das moças e o colete dos rapazes.
As alas, cada uma a seu modo, mostravam características e detalhes ligados à arte de fotografar, com destaque ainda para uma ala que trouxe as principais fotos do mundo em verdadeiros porta-retratos carregados pelos foliões. Nas alegorias foi reproduzida uma câmara escura com uma vela, um dos primeiros experimentos em fotografia, que para alguns podia ser confundido com bruxaria - por isso, tantos bruxos neste carro. Em seguida, a explosão de cores, com um carro cheio de crianças e um arco-íris, que, com o efeito do led, mudava de cor ao longo da avenida. Em seu último carro, a Skindô prestou homenagem aos fotógrafos de Teresina. Com o símbolo da rede social Instagram à frente, o carro trouxe alguns convidados especiais, como Chagas Piau e Charlane Moreira.
"Partindo da Skindô, nos honra muito, mas uma pesquisa recente revela que a homenagem é muito oportuna. A fotografia faz parte do nosso cotidiano há mais de 100 anos. E essa grande homenagem vem em uma boa hora", comemorou Chagas.
Mesmo ocupada entre uma tarefa e outra nos últimos detalhes antes da entrada da escola, a carnavalesca Tânia Said aproveitou uma rápida entrevista para explicar o empenho em um bom desfile. "A escola tem 40 anos, mas o que nos motiva até hoje é a paixão mesmo pelo Carnaval. O Carnaval espetáculo. O que a gente gosta é de fazer arte e encantar as pessoas na avenida", ressaltou, emocionada.
A escola desfilou com 600 componentes divididos em seis alas com quatro alegorias.
Sambão e a história da rede
Aniversariante do dia, a Sambão mandou à avenida o samba-enredo sobre a rede. Abrindo o desfile, uma comissão de frente indígena representou o surgimento desse utensílio tão presente nas casas até hoje, principalmente no Nordeste do Brasil. Uma alegoria com a égua abriu a segunda parte do desfile, que trouxe, além da bateria, outra alegoria mostrando como os povos ameríndios introduziram o uso da rede em nossa cultura.
Com antenas dividindo espaço com as plumas e os paetês, a alegoria Sambão.com.br mostrou outro lado das redes, que deixam de ser apenas um descanso, para se tornarem uma ligação com o mundo: as redes sociais. Com cores vibrantes, a forte presença do rosa e do branco, cores símbolo da escola, e uma comunidade unida e presente, a escola mostrou que evoluiu desde quando surgiu, em 1973, até hoje.
"O Sambão é uma escola de todas as raças e todas as classes sociais. Lá nós temos do doutor à doméstica. Todo mundo se mistura e todo mundo é especial", ressaltou o presidente da escola, Manoel Messias.
A escola, que desfilou com 500 componentes divididos em 10 alas, veio este ano com parcerias com diversas entidades culturais. Nascida na região na Baixa da Égua, no Centro de Teresina, o presidente comemorou que agora a escola não está mais restrita a somente um espaço. Graças aos "amigos do Sambão", como ele mesmo chama, a escola se descentralizou e tem alas de vários bairros de Teresina, que ensaiaram separadamente para o desfile da noite de terça-feira.
Por fim, Manoel Messias celebrou a renovação do Carnaval de Teresina e anunciou ainda a inauguração de uma filial da escola na estrada da Cacimba Velha, na zona Rural da capital, que deve atender a comunidade com serviços gratuitos, como aulas de música e nutricionista.
"Não só pensamos no Carnaval, como no desenvolvimento da região, que é muito carente e tem muitos jovens que precisamos ajudar", concluiu o presidente.
Fonte: cidadeverde.com