A aeromoça encontrada morta em uma mala em Nazaré Paulista (SP) na noite de segunda-feira (9) foi sepultada em Sumaré (SP), na manhã desta quarta-feira (11). Cerca de 150 pessoas entre familiares, amigos e funcionários da companhia aérea foram se despedir de Michelli Martins Nogueira. No final, todos fizeram uma oração.
"Ela ia viajar para conhecer Miami (Estados Unidos) e fazia curso de inglês há um ano e seis meses", explica o irmão Gilson Nogueira, que falou com a imprensa no sepultamento. A comissária trabalhava na Azul Linhas Aéreas há seis anos, mas só em voos domésticos.
O principal suspeito do crime, segundo a polícia, é o marido dela, Julio César Arrabal, encontrado horas depois morto enforcado na casa deles, também em Sumaré. O enterro dele será nesta quarta-feira, em Santo Antônio do Jardim (SP).
Usuário de drogas
A comissária de bordo havia ameaçado se separar do marido caso ele voltasse a se drogar, afirmou o irmão dela, Gilson Alves Nogueira. "Ela falou para ele que se ele voltasse a usar [droga], ia largar dele", disse Nogueira.
Segundo os familiares de Michelli, que estiveram na casa da vítima na manhã de terça-feira, Arrabal usava cocaína e chegou a ficar alguns meses internado em uma clínica no ano passado. O irmão, que é fisioterapeuta, acredita que ela pode ter flagrado o marido usando drogas quando chegou de viagem no sábado (7).
Segundo o outro irmão de Michelli, o motoboy Daniel Alves Nogueira, o cunhado não aceitava terminar o relacionamento. "Ele não aceitava a separação. Para mim, é um covarde. Se queria se matar, se matasse sozinho. Para que levar minha irmã junto? Minha irmã dava tudo pra ele", afirma.
"[O corpo] foi jogado em uma ribanceira e, aparentemente, ela foi morta com pancadas na cabeça. Há marcas de lesões no crânio e na boca. No restante do corpo, não há vestígios de lesões, nem de violência sexual", afirmou o delegado Luiz Carlos Ziliotti, de Nazaré Paulista
O crime
Na residência do casal, a Guarda Municipal encontrou o corpo de Julio Arrabal, uma faca suja de sangue, uma garrafa quase vazia de vodca e vestígios de consumo de drogas, de acordo com o Boletim de Ocorrência. No banheiro, sete embalagens vazias usadas para armazenar drogas estavam dentro de um cesto. Em outro quarto, havia uma nota de R$ 2 enrolada.
Apesar da casa ter uma garagem, o carro de Arrabal estava estacionado na rua, de acordo com o BO. Dentro dele, guardas encontraram objetos pessoais da mulher, entre eles, um notebook.
Investigações
De acordo com o delegado da Delegacia Seccional de Bragança Paulista, José Henrique Ventura, um radar no km 70 da rodovia Dom Pedro I, que liga o município à região de Campinas, flagrou o carro de Arrabal acima da velocidade permitida por volta das 10h30 de segunda-feira. Durante a madrugada, o mesmo veículo foi encontrado em frente à casa do suspeito em Sumaré.
"O caso está quase esclarecido. Há algumas evidências quando você percorre o caminho entre o crime e o criminoso. O carro estava em frente à casa do suspeito com uma luz acesa e o homem estava pendurado e enforcado, com marcas de sangue dentro da casa", afirmou Ventura.
Fonte: G1