Parem tudo! O que foi Babilônia no primeiro capítulo? A novela já começou com beijo gay, pilantra engravidando a mocinha, golpe do baú, amigas e rivais duelando na vilania, assassinato (foi tiro na cabeça). Ufa! A trama assinada por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes tirou o fôlego do telespectador logo na estreia.
Não dava para piscar ou pegar um copo d’água na cozinha. Quem fez isso perdeu algum fato importante da história. E isso, caro leitor, não é empolgação. É uma noveleira das antigas vibrando com o dinamismo de um folhetim_ só visto (ultimamente) em “Avenida Brasil”, que tinha ritmo de série e virou, com mérito, obra de comparação. A nova produção surpreendeu pela agilidade do roteiro e da direção.
Aliás, se é para comparar, vamos lá: o que dizer de uma novela que tem uma Bia Falcão lésbica e advogada (a única profissão que cairia como uma luva para a vilã de “Belíssima”), Maria de Fátima (de “Vale Tudo”) como inimiga de Carminha (”Avenida Brasil”) e o psicopata Laerte (de “Em Família”) dando golpe na carismática Bebel ( de ”Paraíso Tropical”)? É a glória, ops, Babilônia! Se a novela fracassar, ninguém poderá dizer que foi culpa do elenco.
Logo no começo a câmera tremida no apartamento de Inês (Adriana Esteves), que fica na frente de comunidade onde se pode ouvir tiros dava a dica: vai ter correria e como teve. A invejosa não sossegou até encontrar a amiga de infância, invadir uma festa de penetrar e ser desprezada e humilhada de uma vez ao se oferecer para ir na casa da golpista. “De onde você vem? Ou você não sabe o que significa ‘passa lá em casa’ no Rio de Janeiro? Então, vou ser europeia. Não estou disposta!”, disparou Beatriz (Glória Pires). Gilberto Braga não perdeu a mania de cutucar e rir dos hábitos dos cariocas e dos políticos. Que alívio!
E Camila Pitanga, sempre linda, no papel da doce Regina? Levou duas semanas para cair na lábia do cara, usou preservativo com o canalha, mas a camisinha estava vencida! Engravidou. É muito azar nos dias de hoje (ou melhor nos anos 2000, pois a novela ainda está em 2006!). Gabriel Braga Nunes continua com aquele olhar enigmático e de quem vai surtar de repente. E o pai de Regina, Cristovão ( Val Pérre), de subalterno só tinha o uniforme.
Ninguém é sonso nessa trama, nem Estela (Nathália Timberg), a mãe de Beatriz. Ela sabe que a filha não presta e tenta ajudar e por isso mesmo tem vergonha de discutir a verdade com sua companheira, Teresa (Fernanda Montenegro), que já sabe que enteada não é boa bisca. Aliás, a filha problemática não impede o casal de ter uma boa relação e, assim, a dupla se beija sem sofrimento. Fim do dilema da caretice da sociedade brasileira.
Enfim, “Babilônia” é um folhetim cheio de entrelaces, malícia, cumplicidade e pistas. Quem prestou atenção no primeiro capítulo já sabe como mistério da morte do motorista será desvendado. Com a ajuda de uma empregada. Sempre elas. E vamos ao segundo episódio porque a novela, além de deixar a gente sem fôlego, deixou um gostinho de quero mais!
Fonte: yahoo