Com poucos atendimentos, as filas nos corredores do hospital se multiplicam e colocam alguns pais em desespero. Quando os pequenos precisam de ajuda para tratar de problemas mais sérios, a oferta médica para crianças dá sinais de que está em riscos no Piauí.
O Estado tem apenas 13 cirurgiões pediátricos, nove deles a serviço do setor público. O número de profissionais na área é considerado insuficiente e talvez os médicos em formação não estejam tão interessados em seguir carreira na área.
Nos hospitais de Teresina, centenas de crianças esperam na fila por uma cirurgia que só pode ser feita por um pediatra especialista nesses casos. No resto do Brasil a situação não é diferente.
No Rio Grande do Norte, até hospitais privados pediram socorro pelo setor de pediatria não ter profissionais suficientes para atender os pequenos pacientes.
Como as crianças exigem mais atenção na hora de identificar os sintomas de uma doença - causando atraso nos atendimentos e gerando superlotação que sobrecarga o pediatra - alguns profissionais optam por operar em caminhos diferentes. O baixo valor pago por consultas e procedimentos e os riscos que os profissionais correm no dia a dia da profissão também pesam nessas horas.
Mesmo com os diversos incentivos da área médica, a longa formação para atuar como cirurgião pediátrico afasta alguns profissionais da carreira. As oportunidades para residência nessa área são escassas e, em Teresina, o Hospital Infantil Lucídio Portella oferece apenas duas vagas por ano.
Ela é avaliada como inadequada. “Nós teríamos capacidade para ensinar e treinar quatro profissionais por ano, mas a residência dura três anos. Então abrindo duas vagas por ano no final de três anos vamos ter seis residentes e a partir daí estabilizaria”, explica Adriano Reis, vice-coordenador de Residência Médica.
Mas nem tudo é culpa dos médicos. Além do Piauí, “atendemos o Maranhão e também o Pará. Então, em relação à cirurgia pediátrica, não tenha dúvida, nós precisamos urgente de mais cirurgiões pediátricos.
Uma ação que seria muito boa era uma residência de cirurgia pediátrica que já tem no hospital infantil e vai proporcionar ao estado mais dois cirurgiões pediátricos a cada ano”, comenta o presidente da Associação Piauiense de Medicina.
FONTE: Olegário Borges