População denuncia venda irregular pela internet de imóveis financiados pelo governo federal a pessoas de baixa renda. No Residencial Jacinta Andrade, na Zona Norte de Teresina, por exemplo, a denúncia é de que a maioria dos moradores de hoje não foi contemplado em sorteio.
Em sites de venda de imóveis os anúncios são facilmente encontrados. Uma dessas propagandas, a proprietária chega a oferecer a casa por R$ 22 mil. Em outro é possível encontrar uma residência por até R$ 17 mil.
Por telefone, a mulher que se diz proprietária do imóvel oferecido dar detalhes sobre como é feita a negociação. “A casa é no Jacinta Andrade. Olha, ela está murada os dois lados, murada o fundo, faltando murar apenas a frente. A gente está pedindo R$ 23 mil. A gente faz o contrato de compra e venda, recibo e faz o recibo autenticado no valor que você vai pagar. Tudo autenticado em cartório e eu passo toda a documentação da casa”, disse.
Em outro trecho a mulher fala que não existe problema ao fechar a negociação. “Amor, problema não existe, a pessoa só não vai poder transferir agora (para o nome do comprador). Você só vai poder transferir daqui a dois anos”, contou.
As casas do residencial denunciado são destinadas a pessoas de baixa renda e por isso não podem ser vendidas, alugadas ou passar por grandes mudanças na estrutura por um prazo mínimo de cinco anos.
Segundo os moradores, a maioria das casas não está mais nas mãos dos verdadeiros beneficiários. “Aqui 80% não são mais os que foram sorteados, já são outras pessoas que compraram”, relatou Samuel Cabral.
Ao todo são 4200 casas que começaram a ser construídas em 2012. A escolha dos mutuários foram feitas por meio de sorteio. De acordo com a líder comunitária, Anísia Teixeira, muitos proprietários receberam as chaves, mas nunca foram morar. “A negociação é feita por meio de aproveitadores no bairro mesmo. Aqui dentro montaram uma imobiliária. Existem imóveis de R$ 15 mil até R$ 95 mil”, alertou.
De acordo com o diretor de habitação da Agência de Desenvolvimento Habitacional (ADH), Nonato Castro, cada caso será analisado de forma isolada. “Temos primeiro que garantir a ampla defesa a cada um deles porque as vezes existe a denuncia, mas não é aquilo que o denunciante falou”, explicou.
Fonte: G1 PI