Esperados para as fases finais da pesquisa com a fosfoetanolamina em 2017, os testes em humanos devem ocorrer mais cedo, a partir de setembro. A previsão é do diretor do Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), de Florianópolis, João Batista Calixto, que a partir da encomenda do Ministério de Ciência e Tecnologia coordena os estudos da substância apelidada de "pílula do câncer" ao lado de laboratórios das universidades federais do Ceará e do Rio de Janeiro.
Calixto, que também é pesquisador do Departamento de Farmacologia da UFSC, garante que o segundo teste divulgado na semana passada apresenta resultados parcialmente positivos em um composto da fórmula da fosfoetanolamina. O professor destaca a rapidez com que os testes pré-clínicos em células cancerígenas in vitro e em roedores têm sido feitos.
Na última quarta-feira, o ministério divulgou o segundo resultado negativo sobre a eficácia da substância. Mas o pesquisador catarinense faz uma ressalva em relação à monoetanolamina, um dos cinco componentes da fórmula, que é usada para sintetizar a fosfo.
– Houve uma redução do tamanho do tumor que foi implantado nos animais, mostrando que havia uma atividade inibitória. Nós acreditamos, ainda tem que ser provado, que seja devido à monoetanolamina – explica Calixto.
A próxima fase da pesquisa realizada pelo consórcio de laboratórios é estudar a parte sintética da droga e, finalmente, realizar os testes de toxicidade em humanos.
– Assim que a gente terminar a hipótese é que os testes em humanos podem ser feitos. Há um protocolo e é feito em voluntários, que neste caso serão pessoas que não estão doentes e apenas para testar, nesta primeira fase, se o produto é seguro para humanos – diz Calixto.
Desde dezembro, sob encomenda do ministério, a segurança e a eficácia da molécula são estudadas pelo CIEnP e pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará. Em paralelo, laboratórios da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Unicamp realizam testes de caracterização com cápsulas fornecidas pela Universidade de São Paulo, cujo instituto localizado na cidade de São Carlos era responsável pela produção da substância.
Diretor do NPDM, de Fortaleza, Manoel Odorico de Moraes Filho vai coordenar os estudos com voluntários saudáveis. Entre 80 e 120 pessoas serão recrutadas e submetidas a doses diferentes da fosfoetanolamina sintética para identificar se há efeitos colaterais.
O objetivo é mostrar se a substância distribuída hoje a alguns pacientes com câncer no país tem ou não toxicidade. As doses serão aplicadas durante seis meses.
Segundo Moraes Filho, a monoetanolamina é conhecida por apresentar toxicidade em rins e fígado. Nos testes feitos no laboratório cearense durante 10 dias com ratos saudáveis foi identificada toxicidade apenas no fígado. Os testes também foram feitos com animais em Florianópolis, mas, segundo Moraes Filho, os resultados ainda estão sendo compilados e ajudarão a definir a dose da fosfo sintética a ser aplicada nos voluntários.
– A gente vai acompanhar para ver em exames laboratoriais, clínicos e físicos a evolução da dose e ver se realmente tem toxicidade relevante – explica Moraes Filho.
O prazo para concluir todas as etapas dos estudos é o final de 2018.
Fonte: Vida e Estilo