A mãe da estudante Iarla Lima Barbosa, morta pelo namorado, o tenente do Exército José Ricardo da Silva Neto, encontrou forças na dor do luto. A professora Dulcineia Lima sofre com o assassinato da filha, ocorrido há 12 dias, e, mesmo diante do sofrimento, começou a participar de manifestações contra crimes de feminicídio.
“A gente vê os casos acontecendo, vê a dor do outro, sofre, mas a gente não se manifesta. Quando bate na porta da gente é que percebemos a gravidade. A gente acha que nunca vai acontecer com a gente e fica omisso”, disse a mãe de Iarla ,durante um evento ocorrido ontem (30) que debateu enfrentamento à violência e fortalecimento de políticas para mulheres em Teresina.
A professora conta que a filha considerava o namorado “acima de qualquer suspeita”. Os dois começaram a namorar no dia 12 de junho, Dia dos Namorados, mas já se conheciam antes de iniciarem o relacionamento.
“Eles estudavam na mesma faculdade, só que em cursos diferentes. Quando minha filha me contou que ele queria namorar, eu orientei que ela não aceitasse porque há um tempo ela tinha terminado um namoro. Eu queria que ela terminasse, primeiro, a faculdade dela”, relembra Dulcineia.
A professora relembra que o tenente no Exército era carinhoso com a filha. Ilana, irmã de Iarla que também foi baleada por José Ricardo, contou à mãe que nunca desconfiou que o cunhado fosse capaz de cometer feminicídio.
Ilana morava em Timon (MA) com a irmã. Mas desde a morte, ela retornou à cidade natal da família, em Governador Eugênio Barros (MA). Segundo a mãe, todo dia, a filha lamenta a morte de Iarla.
O namorado de Ilana, Sérgio Luis, conta que o tenente não deu chances de defesa para Iarla. “Ilana me contou que, quando entrou no carro, o namorado dela foi logo dizendo que ela estava se insinuando e efetuou os tiros. Não deu tempo dela falar nada”, conta.
#NadaJustificaMatarUmaMulher
Quase duas semanas após a morte de Iarla, a família da jovem irá lançar, nas redes sociais, a campanha #NadaJustificaMatarUmaMulher. A ideia do movimento é chamar a atenção da sociedade em geral para o combate aos crimes de feminicídio.
A família quer o caso de Iarla ganhe mais repercussão e que a justiça seja feita. “Não queremos o feminicídio da Iarla fique apenas nas estatísticas”, disse o primo da jovem, Jordy Mesquita. Outdoors com a frase "Nada Justificar Matar uma Mulher" serão expostas em alguns pontos da cidade.
A família de Iarla reforça que a campanha é voltada para a jovem e também para a todas as famílias que tiveram vítimas de feminicídio.
“A Iarla não foi a primeira vítima desse crime. Muitos casos saem impunes porque, muitas vezes, o que vale é a questão financeira. Que outras famílias não sintam a dor que a gente está sentindo. Queremos que a justiça seja feita”, pede a professora Dulcineia.
A família realizou uma manifestação pedindo justiça no dia 24 de junho. Uma nova mobilização está organizada para ocorrer nos próximos dias. Desta vez, o ato será realizado durante a semana e promete interditar algumas vias do Centro de Teresina.
fonte:cidadeverde.com